sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

1980

1980, o ano que me conheci 

Corria o ano de 1980, quando finalmente me conheci. Saí do Banco Itaú e fui pro Montepio dos Funcionários Municipais, para ganhar mais e trabalhar menos. Foi a época dos supérfluos. Íamos ao Záffari para comprar produtos nem tão necessários, mas bom de comer e beber, como Leite Parmalat, em caixinha, geléias importadas, manteiga Aviação, Campari, Licores entre tantas coisas mais que nem lembro. No rádio tocava Chiquititas, com ABBA ou Angela Ro Ro “amor meu grande amor”. No Partenon Club se dançava Rita Lee, Chega Mais ou Baby Consuelo com Menino do Rio. Os cabelos das meninas era com franjas repicadas, dando um certo volume. As cores eram fluorescentes, verde limão, rosa, laranja, sempre combinando com a Melissinha Aranha. Na TV via-se Água Viva, Plumas e Paetês e Coração Alado, novelas da Globo. Ainda tinha Barnaby Jones, TV Mulher, Hawaí 5-0. A Volks lançava o primeiro Gol, o quadradinho e a febre dos Schoping estava recém começando, sendo que aqui em Porto Alegre só tinha o João Pessoa, e o Café Paris. Pra dançar tinha o Sandália de Prata e o Chão de Estrelas, para ouvir “Bandolins” com Osvaldo Montenegro, “Lembranças” com a Kátia ou Tavito com “Rua Ramalhete”. Tudo isso e muito mais num ano em que se saía a noite com toda tranqüilidade, podia-se  caminhar, beber, namorar e não tinha nada de violência urbana. Quem foi transportado para lá, lendo esse texto, pode ter certeza que essa época jamais terá uma igual. 
Na foto 1 - Cascalho, num Baile dos Magrinhos (carosouvintes.com.br)
Na foto 2 - o Gol 1980
Na foto 3 - do meu arquivo pessoal: (E/D) meu saudoso irmão, o Toninho, Jesus e Tito





terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

As rádios de POA

    Você sabia que antes do FM, as rádios AM é que tomavam conta da galera. Para o público jovem tinham as Continental 1120, disparadamente a melhor programação jovem até hoje, jamais alguma chegou perto. Também a Pampa 1200 (era uma ao lado da outra) que concorria fortemente com a 1120. Pra se ter uma ideia, naquela época era muito comum ter os bailes de colégios, escolha de rainha, angariar fundos. Tudo terminava num baile. Essas rádios também realizavam os seus; O baile dos Magrinhos, com o Cascalho (Continental) e o Baile da Pesada, com o Fernando Sbroglio (Pampa).
    A gincana Ipiranga também teve seu tempo. Com a Ipirela (que era um avatar da Rede de Postos), todo mundo se mobilizava em busca dos premios. A cidade toda se envolvia. As tarefas eram dadas nas rádios durante todo um final de semana. Um dia bateram lá em casa, na madrugada, atrás de um LP que tinha, na capa, um cachorro correndo de uma linguiça, que segundo se dizia era a charada de uma tarefa.
    No dial tinha rádio Metrópole (Nilson J. Cunha era um dos locutores), Princesa (depois o Jornal do Comércio comprou e meu tio Roque foi diretor), Eldorado (com Tia Eva no comando), Farroupilha (era do Grupo Diários), até que um belo dia surge a Cultura Pop FM e começamos a migrar. No FM já tinham algumas rádios, mas era pouco sintonizado. A Itaí quadristéreo, Gaúcha, Difusora e outras poucas. Essa Cultura Pop, que era de Gravataí, deu origem a então Cidade FM (do Jornal do Brasil). Muitas aí surgiram e se foram como a Transamérica, Líder, Metropolitana, Universal e mais recentemente a Pop Rock, da Ulbra, que virou MIX.
    Mas antes, bem antes, o programa era "Itaí a dina da noite", onde o apresentador Sadi Nunes lia recados e tocava músicas pedida pelos ouvintes. Marcou época, o Pediu, Rodou, Ganhou (na Continental) onde a gente escrevia uma "carta" e pedia uma música. Se fosse o pedido atendido, a gente ainda ganhava uma fita cassete personalizada com a música.
     Nos anos 80 o Cascalho investiu na radio Sucesso e levou muita gente boa pra lá. Dilamar Machado, Pedro Ernesto, Wianei Carlet, João Garcia entre tantos outros. pena que o projeto durou pouco. Por falar em rádio portoalegrense e saber que está um calor histórico hoje (dia 4/2) não posso esquecer do "Farroupilha Chamando o Atlântico Sul",  que era o único meio de contato entre que ia pro litoral e quem ficava na cidade. E no litoral, se pegava muito as rádios do centro do país, com exceção da Farroupilha que tinha um canal internacional as demais sofriam interferência, então Tupi, Nacional eram muito ouvidas à noite.